As dores na terceira idade
A velhice está comumente associada a quadros de dores, mas elas não devem ser
consideradas normais. É possível adotar hábitos para ter um envelhecimento ativo e
saudável.

O envelhecimento é um processo natural do corpo, marcado por uma série de
alterações no organismo que vão ocorrendo ao longo do tempo. Diz-se que “a partir
do momento em que nascemos, começamos a envelhecer”. Contudo, especialistas
apontam que é por volta dos 25 anos que o organismo começa a perder eficiência. E
aos 65 anos entra-se na fase conhecida como a terceira idade.
As mudanças na composição corporal têm início com a diminuição da quantidade de
água dentro das células, o aumento de gordura principalmente nos quadris e
abdômen, e o declínio do ritmo de renovação celular em quase todos os órgãos. O
metabolismo também vai ficando mais lento. Com o passar dos anos, há ainda a perda
de massa óssea e muscular, deixando o corpo mais fraco.
Quando se chega à terceira idade, é comum começarem a surgir algumas dores pelo
corpo. Elas ocorrem em consequência do próprio processo de envelhecimento, que
gera o aumento de doenças crônicas associadas à dor. Entre as enfermidades
frequentemente presentes nos idosos estão a osteoartrose, a osteoporose, a artrite,
os distúrbios de coluna e as doenças vasculares periféricas.
Além disso, muitos estudos apontam que a tolerância à dor é reduzida nos idosos,
aumentando a prevalência de queixas dolorosas neste grupo. Segundo a geriatra Karol
Bezerra Thé, que integra o Comitê de Dor no Idoso da Sociedade Brasileira do Estudo
da Dor (SBED), isso se deve ao fato de que o envelhecimento exerce importantes
alterações funcionais e morfológicas em estruturas envolvidas no processamento e
modulação da dor. No envelhecimento ocorre também a redução de substâncias
químicas no cérebro, chamadas de neurotransmissores, como serotonina,
noradrenalina e opióides endógenos, que são fundamentais na regulação da dor.
Mas apesar da alta prevalência de doenças crônicas que geram dor na terceira idade,
somada à menor tolerância aos quadros dolorosos, a médica faz um alerta: “A dor no
idoso jamais deve ser considerada normal”. Deve-se instituir o tratamento de forma
integral e impecável, visando reduzir a ocorrência de complicações. “O idoso que
possui dor crônica e não tem sua condição avaliada e tratada adequadamente
apresenta consequências que podem repercutir negativamente na sua qualidade de
vida”, destaca.
Envelhecimento ativo
É fato que a velhice chega para todos. Porém, o envelhecimento é um processo
extremamente heterogêneo, no qual cada indivíduo o experimenta em forma,
velocidade e intensidade diferentes. Chegar à terceira idade com saúde e qualidade de
vida está muito mais relacionado com os comportamentos e hábitos que adquirimos ao longo dos anos do que com a carga genética, o que proporciona uma imensa gama
de possibilidades de moldar a velhice.
Diante disso, a Organização Mundial da Saúde adotou o termo “envelhecimento
ativo”. Ele é definido como o processo de otimização das oportunidades de saúde,
participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida
que as pessoas ficam mais velhas.
E para que o envelhecimento seja uma experiência positiva, com saúde física e mental,
autonomia e independência, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia dá
algumas dicas importantes:
1 – Cuide da pressão arterial
A hipertensão arterial pode levar a insuficiência renal, insuficiência cardíaca, derrame
cerebral, ataque cardíaco e acelera a arteriosclerose.
2 – Evite a obesidade
Mantenha-se no peso ideal.
3 – Não fume
O fumo se relaciona com o câncer no pulmão, enfisema pulmonar, úlceras, impotência
sexual, ataque cardíaco, gangrena nas pernas, hipertensão arterial e suas
consequências.
4 – Faça exercícios aeróbicos
Tipo caminhadas (passos rápidos), entre 30 minutos a 1 hora por dia. Haverá melhora
do condicionamento cardio-respiratório. Haverá melhora também na produtividade,
libido, tônus muscular, memória, tensão e ansiedade, qualidade do sono, fadiga, dá
mais energia, etc. “A saúde do idoso está nos pés”.
5 – Pratique esportes
Praticar esportes é muito salutar, porém como lazer, sem competir.
6 – Procure eliminar as tensões e “stress”
Organize melhor sua vida, discipline-se para não se enervar com coisas pequenas. Quando diante de problemas inevitáveis, lembre-se que poderiam ser maiores, “tire-os de letra”, seja alegre e tolerante, divida responsabilidades, não seja apressado, seja um otimista, tenha amor próprio.
7 – Controle as gorduras sanguíneas
Lipoproteínas, colesterol e triglicerídeos fora dos limites normais predispõe a
arteriosclerose e suas consequências (infarto, derrames cerebrais, etc). Declare
“guerra” ao excesso de triglicerídeos e colesterol.
8 – Faça ingestão adequada de vitaminas
Através de uma boa alimentação e suplementações, evite exageros e “mega-doses”,
doses excessivas dão problemas na certa. Exemplos: o excesso de vitamina A provoca danos ao fígado, dores de cabeça e borramento da visão; o excesso de vitamina D
causa distúrbios musculares e cardíacos; doses altas de vitamina C podem precipitar a
formação de cálculos renais. A dose alta e excessiva de qualquer vitamina sempre traz
consequências danosas.
9 – Nunca tome medicamentos sem orientação médica
Não repita receita médica por conta própria. Lembre-se que o uso abusivo
ou inadequado de remédios é uma das grandes causas de mortalidade. Tome muito
cuidado com “Remédios Novos” e “Novidades”.
10 – Controle sua glicemia (açúcar no sangue)
Diabete é uma das maiores causas do envelhecimento precoce e causa severos danos
em importantes órgãos (olhos, rins, cérebro) e na circulação, leva a impotência sexual,
acelera a arteriosclerose e diminui a resistência orgânica.
11 – Cuidado com bebidas alcoólicas
Beba com moderação, não passe de 1 aperitivo ou 1 copo de cerveja. Dar preferência
aos vinhos tintos.
12 – Procure fazer o que você gosta
Tenha um “hobby”, dedique parte do seu tempo a ele.
13 – Fuja do isolamento e da solidão
Conviva com outras pessoas, amigos e familiares.
14 – Repouse
Repouse de 6 a 8 horas por dia.
15 – Exercite a mente
Leituras, filmes, estudo, escritas, jogos, palavras cruzadas, conversar e interagir com
outras pessoas.
16 – Enfim... cuide-se!
A espécie humana tem programação genética para viver 120 anos. É difícil, porém
possível, chegar lá: seja comedido em todos os seus atos, evite os excessos em todas
as suas atividades. Conheça os limites adequados para tudo que se for realizar. O
“segredo” da vida saudável e feliz depende muito de andar, trabalhar, amar e cuidar-se
(saúde, alimentação).